Nos últimos conteúdos postados aqui no blog da Acabativa, falamos bastante sobre organização e produtividade, metas, aprender com os erros, motivação e sobre várias ferramentas e comportamentos que podem nos auxiliar a concluir nossos objetivos e projetos, ou seja, ter acabativa.
Acredito que ainda há uma dúvida em meio a tantas informações: como colocar tudo isso em prática?
Como ter acabativa?
Para conseguirmos concluir nossos projetos, realizar nossos sonhos e deixar a palavra “desistir” de lado, precisamos começar pelo “querer”. Se não quisermos o resultado desta ação, nossa trajetória será ainda mais desafiadora.
Além de querer alcançar o objetivo, precisamos mudar nosso comportamento para colocar essas ferramentas em prática. A acabativa está muito relacionada ao nosso comportamento, como agimos em determinadas situações.
Para conseguirmos concluir nossos projetos, precisamos contar com alguns recursos como disciplina, foco, atenção e motivação.
Disciplina
Segundo o dicionário, disciplina é a obediência aos preceitos, às regras. Também é o modo de agir que demonstra constância.
Com disciplina, conseguimos cumprir nossas tarefas. Geralmente exige um certo esforço por conta desta obrigação à obediência e à constância. Porém, quando temos um grande objetivo ou seus resultados geram uma boa recompensa, cumprimos as regras e obrigações a caminho da conclusão.
Foco
Foco é ter um objetivo bem definido, ser determinado a alcançar ou atingir uma meta, ter prioridade em fazer algo sem desviar de caminho.
Com foco, mantemos a atenção em nosso objetivo, livrando-nos de distrações e exercitando o autocontrole. Por isso, ele é extremamente importante em qualquer atividade.
Quando nos distraímos, ou seja, tiramos o olhar do foco e passamos a olhar e perceber o todo, nosso objetivo principal divide a sua importância com outras atividades.
Logo, não conseguimos finalizar o que começamos, iniciando outras atividades que, provavelmente, também não serão finalizadas.
Atenção
A atenção é a nossa percepção direcionada à alguém, à alguma coisa ou ao ambiente. Ela pode ser ativada de forma passiva, mas também pode ser seletiva e focada.
Muito similares, a atenção e o foco se complementam, resultando em concentração.
A concentração é a atenção focada em uma atividade, é a realização de algo com atenção exclusiva.
Motivação
Como disse recentemente no artigo “Motivação da iniciativa à acabativa.”, a motivação é o motivo para ação, ou seja, é o que nos move, o que nos faz sair de onde estamos.
Quando iniciamos um projeto, saímos de um ponto A, a iniciativa, podendo ser um período ou fase que precisava de uma mudança.
E partimos em direção ao ponto B, a acabativa, podendo ser o resultado esperado que nos fez sair do ponto A.
Porém, nem sempre essa trajetória, do ponto A ao ponto B, é uma linha reta. Talvez essa linha seja tortuosa ou com alguns obstáculos. Logo, a motivação é a chave para manter a mesma energia de ação do início ao fim, sem chances para a estagnação.
A Acabativa é um hábito
Analisando todos esses comportamentos, podemos concluir que a acabativa é um hábito.
Um hábito é um comportamento frequente que se instaura em nossa mente pela repetição e, quanto mais repetido for, mais forte ele fica.
Por issoque o aprendizado sem a prática cai no esquecimento, porque memorizamos e nos habituamos a determinada situação com a repetição prática.
Nós, seres humanos, temos o hábito de não acabar nossos projetos, de fugir de determinadas situações de risco ou buscar outras alternativas quando o resultado não é como o esperado.
Esse nosso comportamento de fuga, paralisia ou ataque tem a ver com nosso cérebro reptiliano, que é o nosso “sensor” de proteção e sobrevivência, conforme abordado no artigo “Os sabotadores e a falta de Acabativa”.
Muitas vezes precisamos encarar nossos desafios para conquistar o que tanto queremos.
Para isso, precisamos ter o hábito de concluir as coisas, de ter disciplina, foco, atenção e motivação.
Não são todas as pessoas que têm essa facilidade, por isso, vamos entender como desenvolver um hábito.
O Ciclo do hábito
Conforme dito anteriormente, o hábito se constrói pela repetição de um comportamento. E, após a sua construção, essa repetição acontece sem que a gente perceba e sem esforço.
O ciclo do hábito é composto por três etapas, que Charles Duhigg (autor do livro O Poder do Hábito) chamou de “deixa-rotina-recompensa”.
Cada vez que um hábito ocorre ele tem um estímulo, que dispara uma ação e que gera uma recompensa.
Então, vamos entender como funciona o ciclo do hábito:.
Deixa ou gatilho
Um hábito entra em ação com uma deixa. A deixa é o gatilho que dispara um sinal para o cérebro alertando o momento de executar o tal comportamento deste hábito.
A deixa pode ser um horário, um sentimento, um dia, a temperatura, o local, um alarme.
Rotina
A partir do gatilho da deixa, executamos uma rotina.
A rotina é o comportamento do hábito, aquilo que a gente faz sem perceber, geralmente é o componente que nos incomoda (no caso de um hábito ruim) ou nos orgulha (quando é um bom hábito).
Recompensa
A recompensa é o que esperamos obter com o comportamento que realizamos.
Por isso vale reforçar que, em todas as nossas atitudes, sempre ganhamos e perdemos algo.
Com bons hábitos, fica claro visualizar a nossa recompensa com o que ganhamos.
Quando temos um hábito ruim, apesar de ser inconsciente ou não termos coragem de assumir, o que ganhamos é a nossa recompensa.
Cada vez que somos recompensados pelo comportamento, recebemos um reforço para que ele se repita.
Quanto maior o número de repetições do ciclo, mais forte e automático fica o hábito.
Identificando os elementos
Apesar de parecer simples, alguns destes elementos são difíceis de serem identificados.
A deixa e a recompensa muitas vezes não são claras, dificultando o nosso entendimento sobre o hábito.
Por isso, é importante anotar e testar todos os estímulos possíveis antes de promover uma mudança.
É preciso mapear muito bem a deixa para substituir um hábito nocivo.
A recompensa também exige muita atenção e estudo. Muitas vezes não é tão óbvio identificar o que ganhamos quando um hábito é executado. Pode ser uma sensação física, um sentimento ou algum bem material.
Depois que a deixa e a recompensa são identificadas, podemos então partir para a mudança do comportamento e substituir o hábito que não desejamos mais.
Ciclo do hábito da desistência
Colocando em prática o ciclo do hábito, a desistência de um projeto inicia com alguma deixa ou gatilho, podendo ser o medo do resultado, insegurança da qualidade do mesmo, impaciência quanto ao tempo de retorno, entre tantas outras situações.
Esta deixa nos gera o comportamento de parar, de desistir. Este comportamento, ao ser repetido várias vezes, vira uma rotina.
Geralmente, a recompensa para o hábito da desistência está relacionada com evitar transtornos, evitar desconfortos, como um sentimento de proteção.
Logo, sempre que um desses gatilhos aparecerem, a rotina será a desistência com a recompensa de conforto, de proteção ou o famoso “foi melhor assim”.
O que fazer quando acontecer a desistência?
O hábito da Acabativa deve ser instaurado com a seguinte repetição: retomar, aprender e comemorar.
Como o desenvolvimento de um hábito acontece com uma série de repetições até que virem ações sem esforço, quando queremos desenvolver um novo hábito, essa repetição inicial exige a disciplina, o foco, a atenção e a motivação que falamos há pouco.
Por isso, temos grandes chances de falhar nesta fase de repetição inicial.
E não devemos nos culpar pela falha, porque esta culpa pode nos sabotar. Mas devemos usar esta falha como gatilho para a retomada do projeto.
Com o gatilho da desistência, devemos instaurar a rotina de retomar o projeto e analisar os aprendizados com essa situação (o que nos fez sabotar, qual a crença que nos limitou).
A recompensa deve ser a comemoração da retomada, do aprendizado e de cada conquista a caminho da acabativa.
E, se por algum motivo, pararmos de novo, devemos repetir o ciclo: retomar, aprender e comemorar. Até virar o hábito do recomeço rumo à acabativa.
Mais importante: Não desistir
Ao meu ver, o que é mais importante em nossa vida é não desistir. Não devemos desistir dos nossos sonhos, de grandes amores, de projetos que poderão mudar nossas vidas e dos nossos objetivos.
Devemos sempre buscar alternativas para finalizar nossos projetos e evoluir sempre, em direção a próxima atividade, a próxima meta, ao próximo objetivo.
Desenvolver o hábito da ACABATIVA e evoluir.
A Acabativa não é um fim.
Sempre que há Acabativa, há um recomeço ou um novo começo!
Karina Lima
Um comentário em “Como desenvolver o hábito da Acabativa?”